O dia dos namorados sempre nos traz a possibilidade de refletirmos sobre os nossos relacionamentos. Em especial o relacionamento entre os casais. Sabemos que existe muitas coisas boas para contar quando se trata do amor entre duas pessoas, mas, reconhecemos que nem tudo são flores e há muitas dores para quem faz a experiência do relacionamento a dois.
No início dos relacionamentos tudo são flores, muitos amores. A medida que um vai conhecendo o outro aí surgem as dificuldades de aceitar as diferenças, as cobranças e o comportamento de fidelidade em cuidar um do outro. As brigas não são poucas e o carinho de cordialidade e apreciação, aos poucos, vão se deixando de lado, em muitos casos.
O ciúme, o sentido de posse e o medo do desconhecido muitas vezes são as causas de sofrimento entre o casal. Com algumas cargas negativas, quer sejam passadas através do relacionamento de nossos pais, ou de outros relacionamentos que tivemos conhecimento, terminamos por, direta ou indiretamente, querer dominar o outro para que possamos ter uma maior segurança… pura ilusão. Pois, o ciúme exagerado, aquele que destrói a confiança entre ambos é uma das maiores causas de destruição de muitos relacionamentos que poderiam ter dado certo. Além da falta de confiança, o ciúme excessivo termina criando um ambiente tenso que gera constantes brigas e desgastes na relação.
A falta de diálogo, penso ser o grande vilão destruidor de relacionamentos. Quando o casal já não conversa mais entre si, de forma que possa expressar seus sentimentos e medos, ou o que gosta ou não gosta na relação, aí faz crescer o afastamento de almas. Quando você não pode mais conversar sobre os seus problemas pessoais, quer sejam problemas no trabalho, seus sonhos, seus medos e fracassos é um sinal de alerta de que este relacionamento não anda muito bem. Muitos casais dão testemunhos de verdadeiros confidentes no início do namoro, mas, o tempo passa e, se não cuida, essas confidências vão diminuindo e sendo transferidas para outras pessoas, que muitas vezes colocam em risco o próprio relacionamento.
A base de um relacionamento bom e duradouro é o diálogo. Nisso, as mulheres têm muito mais expertise que os homens, mas podemos desenvolver essa virtude para melhor tirar proveito dessa parceria. Como é maravilhoso sentirmos segurança e acolhimento no diálogo com a pessoa que escolhemos para viver ao nosso lado. Tomar um drinque ao lado da pessoa que nós amamos e podermos falar sobre os nosso fracassos e sucesso, sem medo de julgamento e discriminação é o que todos nós precisamos e o que torna uma família sólida e feliz.
No dia 19/09/2016 faço 24 anos de casado. Uau! Nem eu sabia que isso pudesse acontecer. Na verdade, o meu casamento foi marcado com uma grande insegurança que eu tive no dia em que eu iria casar. A cerimônia estava marcada para começar às 10h na igreja, e como eu morava próxima ao mar, resolvi ir à praia de manhã cedo para dar um mergulho. Ao chegar lá, sentei na areia e me fiz uma pergunta cheio de preocupações:
Será que eu devo casar mesmo? Nossa, nessa hora subiu um frio na barriga e a primeira sensação que tive era que estava fazendo algo que não me sentia preparado. E pensei que ainda era tempo de desistir, pois, pior seria depois de casado ter a certeza de que não era isso que eu queria para mim. Sentado na areia, com a praia praticamente deserta, olhei para o oceano, quase que hipnotizado, e pedi a Deus que me iluminasse para que eu não tomasse uma decisão tão importante com tamanha insegurança e cheio de medo. Confesso que o que eu tinha em mente naquela hora era de desistir.
A minha principal preocupação era que, apesar de que éramos apaixonados um pelo outro, com alguns valores em comum, tínhamos muitas, mas, muitas diferenças entre nós que, sinceramente, muito pouco combinávamos, quer sejam nos nossos projetos pessoais ou nos comportamentos individuais. E aí eu me perguntava, como isso pode dar certo com tantas diferenças existentes? Pensava que isso não duraria muito, pois, uma hora um sentiria sufocado e terminaria por desistir de tudo.
Silenciei… e respirei fundo. Ouvi o silêncio que em alguns momentos eram interrompidos com o cantar dos pássaros que estavam em volta. Fiquei a observar o local em que me encontrava, por um tempo esqueci da minha conversa com Deus e comecei a apreciar aquele ambiente. O mar, amparado pela areia e iluminado pelo maravilhoso sol daquele dia. Ali estávamos, eu e os pássaros, desfrutando daquela harmonia fantástica, daquele espetáculo sem igual. Comecei a sentir uma paz na certeza de que havia algo maior sobre tudo aquilo, a grandeza do mar, os incontáveis grãos de areia e a energizante luz do sol, tudo isso fora do alcance do controle humano. Daí me veio a reflexão capaz de responder aos meus questionamentos. O mar e a areia não têm praticamente nada em comum, elementos totalmente diferentes um do outro, mas que juntos fazem um espetáculo sem igual. Comecei a imaginar uma cena onde o mar sem o amparo da areia provocaria uma inundação e isso não seria bom para ninguém. Por outro lado, eu visualizei o deserto, a areia sem o mar, capaz de provocar tempestades de areia que ninguém deseja estar perto. Em suma, o mar sozinho lembra uma inundação, a areia um deserto sem vida. Mas, quando ambos entram em sintonia tornam-se um verdadeiro espetáculo onde toda a humanidade gosta de desfrutar.
Mas, sob o mar e a areia é preciso que haja luz, a luz que faz com que essa beleza seja percebida e admirada. Sem ela a beleza não será percebida, mesmo que a areia e o mar estejam lá. Daí, retomei a minha reflexão inicial, onde eu perguntava como pode dá certo uma união entre duas pessoas com muitas diferenças entre si? E tudo se clareou assim como foi percebido a beleza dessa união entre o mar e a areia. Senti-me como o mar, com o desejo de viver bem essa vida fazendo parte do espetáculo no meio em que vivo, pois, sozinho poderia causar inundações e não era isso que eu gostaria de deixar como legado. Ao mesmo tempo, vi a minha esposa como a areia, sim, muito diferente de mim, mas, que tinha uma capacidade profunda de acolher e se tornar um terreno firme para que possamos andar, com os pés no chão, rumo a nossa missão. Mas, além de tudo, sentia que havia algo maior que estava fazendo um convite para que fossemos verdadeiros instrumentos e pudéssemos ser prova viva de algo que poderíamos testemunhar juntos. E a luz? Ah! Essa luz só pode ser Jesus. Sem essa luz a nossa união não faria sentido.
Despertei da minha reflexão, não tinha mais dúvidas de que aquela união era um chamado de Deus e ao mesmo tempo um presente que hoje eu afirmo que superou todas as minhas expectativas. Não tem como explicar, assim como não se explica a relação entre o mar e a areia. Há tempos em que a maré enche e esvazia, ao mesmo tempo, a areia se movimenta entre um ponto e outro, e até se despeça como se um dia fosse acabar. Mas, com o sol iluminando a todo tempo, mesmo durante a noite através da lua, percebe-se que ali é um ambiente que gera muitas vidas e de muita energia.
Fazemos parte desse espetáculo sendo Jesus a nossa luz. Portanto, meu amor, minha esposa, minha eterna namorada, quero agora afirmar que ao seu lado eu sou muito mais feliz e aproveitar para renovar a minha declaração de amor para você:
Prometo estar contigo na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença,
na riqueza e na pobreza,
amando-te,
respeitando-te e sendo-te fiel
em todos os dias de minha vida,
até que a morte nos separe.
Mais do que a quantidade em anos, peço a Deus luz para clarear a qualidade dos nossos momentos.
Que sejam cada vez mais intensos enquanto dure.
Reinaldo Alves
Master Coach
Gerente de Projetos